O
Defensor Geral do Pará, Luis Carlos Portela, espera ter sensibilizado o líder
do PT na Câmara Federal, deputado federal José Guimarães, para aprovação do
Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 247/2013, batizada de PEC Defensoria
Para Todos, que prevê a ampliação do número de Defensores para as Defensorias
Públicas em todo o país. O encontro aconteceu na tarde desta quarta-feira, 19,
em Brasília, no qual o Defensor Geral do Estado comandou a reunião como
presidente em exercício do Conselho Nacional de Defensores Gerais (CONDEGE), ao
lado de outros 13 Defensores Gerais do Maranhão, Amazonas, Ceará, Pernambuco,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Roraima, Mato Grosso do Sul, Piauí,
Tocantins, Rio Grande do Norte e Minas Gerais.
Há pelo menos três meses a Câmara Federal adia a votação da matéria. Vários
parlamentares ajudam a pressionar o Presidente da Casa, deputado federal
Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), a pautar o projeto, embora a matéria tenha
tido parecer aprovado à unanimidade pela Comissão Especial que analisava a
proposição da PEC, em setembro do ano passado. “Não temos nenhuma
garantia da aprovação, mas acredito que os deputados estão sensíveis ao
assunto, porque o motivo preponderante da crise do sistema carcerário brasileiro
é a falta de assistência jurídica, que só existe através do fortalecimento e do
aumento no número de Defensores Públicos”, detalhou.
O
principal obstáculo à aprovação da PEC 247 é o posicionamento dos Estados, que
argumentam orçamentos apertados e a não previsão orçamentária para promover a
ampliação dos quadros nas Defensorias Públicas. “O episódio em Pedrinhas, no
Maranhão, mostrou o quanto as Defensorias são frágeis e ainda não oferecem
atendimento adequado aos assistidos porque o número de Defensores é insuficiente.
Boa parcela dos parlamentares desconhece que a superpopulação nas casas penais
é por falta de acesso à justiça e pela morosidade dos processos”, sublinhou
Luis Carlos Portela.
O Defensor Geral do Pará reiterou a necessidade de fortalecimento das
Defensorias Públicas e realçou “a importância de que as instituições estejam ao
alcance de todos, e não atender apenas parte da população, deixando outra parte
ficar desassistida”. “A nossa luta, nosso esforço, nosso empenho é que, a médio
prazo, tenhamos pelo menos um Defensor Público por comarca, para que a
população carente possa acessar a Justiça e para que possamos cumprir com nossa
missão, que é a prestação jurisdicional com efetividade”, pontuou.
Para este ano, o Defensor Geral do Pará já anunciou a realização de concurso
público para preenchimento de cerca de 30 vagas, sendo a maioria para
Defensores de Execução Penal, que atendem prioritariamente os apenados do
Sistema Carcerário do Estado.
Entenda a importância da PEC 247
A
PEC vai passar pela análise do plenário da Câmara Federal e deverá ser votada
em dois turnos. A aprovação precisa de 308 votos favoráveis do total de 513
parlamentares. Se aprovada em dois turnos, a PEC 247 será encaminhada à
apreciação do Senado.
A PEC
Defensoria para Todos é de autoria dos Deputados Mauro Benevides (PMDB/CE),
Alessandro Molon (PT/RJ) e André Moura (PSC/SE). O projeto estabelece prazo
para ampliação do número de Defensores e para entrar em vigor, além de
beneficiar as comunidades mais carentes do Brasil, prevendo a lotação dos
Defensores Públicos prioritariamente nas regiões com maiores índices de
exclusão social e adensamento populacional.
O
último censo do IBGE confirma que cerca de 82% da população brasileira recebem
até três salários mínimos e dependem da prestação de assistência jurídica das
Defensorias. Isso significa que 45 milhões de brasileiros buscam atendimento
junto à essas instituições.
O
Mapa da Defensoria Pública do Brasil, produzido pela Associação Nacional das
Defensorias Públicas (ANADEP) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA), faltam Defensores Públicos em 72% das Comarcas brasileiras, o que
corresponde afirmar que a Defensoria Pública só está presente em 754 das 2.680
Comarcas distribuídas em todo o país. Só existem hoje 5.054 Defensores Públicos
no Brasil.
Texto: Micheline Ferreira